Upside down Eden | One-shot

AVISO: esse one-shot tem a ver com um dos meus trabalhos, mas não direi qual. O "protagonista" dessa história tem vários caminhos a percorrer e deve imaginar e interpretar da maneira que quiser e ser conveniente. Se quiserem, coloquem nos comentários a aposta em relação ao narrador e a história. Talvez eu anuncie o vencedor.
As palavras-chave são "síndrome da vingança".


Um estado de sonho asfixiado.
"Parece que algum milagre aconteceu para mim."

No final, este é apenas um paraíso reverso. Sonhos que pouco a pouco se unem, um louco sentimento de vertigem e enjoo.
Olhando no espelho, as sombras estavam prestes a se derramar.

O herói sinistro disse "Nada mais adequado para um idiota!"
Eles destroem uma pessoa e esmagam a sua bondade. "Que patético", a sombra do gato me censurou.

— Esse é o seu ideal? — retruquei-lhe, irritado. Para começo de conversa, eu sabia que o gato negro não tinha nada a ver com a história. Tudo o que aconteceria dali em diante seria culpa do gato branco.
Não que eu estivesse satisfeito com aquilo.

— Um novo jogo começa outra vez — foi o comentário da sombra enquanto eu andava entre os dois espelhos. Eu realmente gostaria de saber qual dos dois estava mentindo para mim, assim poderia simplesmente esmagar a sua existência até virar pó.
Mesmo assim, os meus reflexos caminhavam a meu lado. Rindo e debochando, me encarando desapontados.

Moderadamente, fitei com desprezo as grandes mentiras que flutuavam no ar.
Me olhando naquele espelho, a minha verdadeira vontade era de chorar.

— É o sinal para começar? — desdenhou o herói sonhador. Meu punho se cerrou em uma ação involuntária, lagrimas ameaçando tomar conta de meus olhos.

— Não vai ser tudo como você deseja — tentei soar confiante, embora a minha voz me traísse. Secretamente, eu me odiava por aquilo.

— Uma noticia para você, a vitima — disse a sombra do gato, não prestando atenção em minhas palavras. Gotas quentes gotejavam a partir de minhas mãos — Palavras silenciosas e chatas são acompanhadas. Quanto tempo você acha que o seu mundinho irá durar?

— Tempo suficiente.

— Esse não é o melhor plano de ação e você sabe disso — o espelho riu e respondeu — Será que você é mesmo a pessoa que diz que é?

O meu paraíso reverso: um sonho doente.
Eu ri com o entendimento.

— Sim, sim. O herói sou eu — os mal-entendidos mancham uma pessoa.
"Estupido."

— Você é-

— Não me renderei — um herói sonhador, talvez um pouco sarcástico.
Mesmo assim, eu voltarei para encontrar o começo daquele dia.

Encarando a sombra do gato, o meu sorriso era ainda mais sinistro que aquele ser. O louco, remendado herói daquela história havia sido criado por ela, no fim das contas.

— Tente arrasta-la para isso e eu vou te matar — comentei, sem nenhuma cerimonia. Pela primeira vez, aquele paraíso parecia desconexo, diferente das minhas fantasias delirantes — Definitivamente, eu vou te matar.

— Você é insano? — exigiu saber a sombra. Eu simplesmente ignorava os espelhos ao redor de mim, já que aquele era o melhor a fazer — Você quer tanto que ela te ame a ponto de brincar com os sentimentos daquela garota?

— Não me confunda. A única pessoa que não perdoarei é você. Eu só não quero que o futuro dela seja destruído, isso é tudo — a frieza me surpreendeu. Mesmo assim, ignorei a sombra novamente como eu fazia todos os dias.
Encarando a minha mão branca, o sangue vermelho-escuro afluía de pequenos furos criados por minhas unhas.

— Are, are — comentei, com um sorrisinho. Ultrapassando o gato, continuei o meu caminho pela estrada onde mais ninguém andava — Adeus, lhe desejo o melhor ou o que quer que seja.

Para fim de conversa, eu só sabia que o gato preto não tinha nada a ver com a história. Tudo o que aconteceria dali em diante seria culpa do gato branco e de seus sonhos doentes.
Nenhuma espécie seria perdoada no final das contas.

Eu não me renderei, por isso irei pular.


Pular...?

— Me desculpe! — a garota disse, sem folego. Meu olhar foi roubado em sua direção e eu sorri — Eu acordei atrasada e...
"Você a ama tanto assim?"
A resposta era obvia, no final das contas

— Não, está tudo bem — respondi-lhe, tentando soar normal. Se eu a conhecesse bem, ela logo repararia em minha expressão — Eu também acabei de chegar.
"Não faça essa cara estranha", a sombra do gato me censurou.

— Realmente tudo bem?

— Sim.
Estendi-lhe o braço e ela foi até o meu lado, um sorriso tímido adornando seus lábios.

"Mais uma vez", alertou-me.
Viverei hoje mais uma vez.

O gato preto e o gato branco miaram, passando entre nossas pernas.
A sombra do gato os esperava algum lugar lá na frente.