Walk through the streets that know your name
All that's pure is now insane
Step inside I've been waiting here for you
Another trip, another lie
Life's hand of doom has you feeling fine
Step inside we've been waiting here for you
Suicide Messiah - Black Label Society
Eu sorri mais uma vez.
Já deviam ser 8:30 da manhã quando eu estava acabando meu trabalho. Um casal com uma filha. O cai havia sido degolado, a mãe tinha as pernas e os braços arrancados e a filha tinha corte no estômago, todos presos ao teto por correntes de metal que eu encontrara por ali.
O palco da carnificina era um quarto nos fundos que provavelmente serviria de algum tipo de escritório no futuro. Bem, serviria. Sangue tornava o carpete antes marrom em uma cor avermelhada realmente nojenta, atingindo até mesmo as até então paredes verdes. Algumas gotas atingiam um teto, formando desenhos em um carnaval de horrores.
Eu havia usado uma pequena machadinha que encontrei nos fundos da casa para realizar o serviço. Como não era de meu costume roubar, eu havia enterrado a arma na cabeça inerte da garotinha de cabelos ruivos.
Minha camisa de mangas compridas branca estava vermelha e extremamente molhada pelo sangue, minhas calças jeans surradas não estavam em melhor estado. Minhas mãos estavam em um vermelho vivo e havia respingos no meu rosto e até em meu cabelo.
Com um movimento da língua eu limpei o sangue que estava em volta da minha boca. Sentindo o gosto forte fiz uma pequena careta, definitivamente não era meu sabor favorito, mas eu detestava ficar com sangue nessa região.
Era tão divertido.
Eles gritaram e espernearam, temendo por suas vidas. A cada golpe eu podia sentir a vida se esvairando dos corpos dos indefesos mortais. Não havia mais tempo para ficar apreciando meu trabalho, Quíron disse que me mandaria uma mensagem de Iris por volta das 10:00 hrs.
Com 5 palitos de sorvete mergulhados no sangue das vitimas, um martelo e pregos, preguei meu costumeiro “B” de palitos ensanguentados na parede, assinando meu trabalho. Depois disso peguei algumas roupas limpas em uma mochila que eu trouxera e fui tomar um banho.
Tomei um banho demorado, retirando cada gota de sangue do meu corpo e cabelo. Vestindo uma roupa limpa e guardando as sujas, ninguém diria que eu acabei de cometer 3 assassinatos. Tranquei a porta do quarto e me dirigi para a cozinha, pegando algumas coisas para comer e sentando-me em frente à TV para assistir alguma coisa.
Eu não me preocupava com as digitais ou o DNA. Quando nascemos, somos registrados quase que instantaneamente no sistema de dados, mas por algum motivo, Melinoe me criou em algum lugar distante da civilização por algum tempo, depois disso eu nunca fora pego para ter minhas digitais ou DNA registrados, então eu era basicamente um fantasma para a policia, ela tinha minhas digitais, mas elas não tinham com quem bater.
Não sei ao certo quanto tempo se passou, mas quando eu já estava acabando minha comida a imagem de Quíron tremeluziu na frente da TV.
- Onde você está Tobias?
- Oi para você também Quíron. Estou na casa de um amigo – menti bebericando o resto do refrigerante, não era em todo mentira, as pessoas que eu havia matado eram bem legais.
- Tudo bem, então serei breve. Volte o mais rápido possível para o Acampamento, tenho uma pequena tarefa para você.
- Que ótimo – disse, fingindo entusiasmo. Eu não gostava do acampamento, mas lá era inegavelmente o melhor lugar para que eu pudesse me esconder.
A mensagem se desfez no ar, revelando novamente o programa. Suspirei cansado, o que aquele maldito centauro queria agora?
Peguei minha mochila com as roupas sujas e vesti meu manto, para que ninguém percebesse minha presença saindo da casa. Ele não me deixava invisível, é verdade, mas fazia minha imagem tremeluzir, o que serviria de distração, afinal, ninguém se importava de ficar vigiando a casa daquela família.
Com passos lentos, eu pegava um táxi para Long Island.
•••••••
Já no acampamento eu me dirigi até a Casa Grande.
Eu havia tido permissão para passar a noite fora com a desculpa de atender um caso como Detetive Particular. Como eu queria mais um pouco de diversão, mentiria dizendo que o caso ainda não foi resolvido, para ter um pouco mais de tempo.
Quíron me esperava na varanda, observando o acampamento.
- Tobias, hora de provar como é ser um ceifador – disse Quíron
“E o que isso tem a ver com você velhote?” indaguei mentalmente
Balancei a cabeça em concordância, fingindo entusiasmo.
- Você passará 12 horas consecutivas na Arena. E para cada monstro que for destruído você terá de ceifá-lo e encaminhá-lo para seu destino, se é que você me entende. Seu trabalho começa daqui a exatos dez minutos. Acho melhor correr para a Arena, tem um garoto agora mesmo enfrentando uma fúria. Então, hora de você cumprir seu trabalho.
“Eu vou matar você, centauro maldito” pensei em minha mente, mas me limitei a um sorriso e dizer:
- Tudo bem. Mas... O que aconteceu com o sistema de antes?
- Está em uma espécie de manutenção no mundo inferior, então o trabalho precisa ser manual. Como os ceifadores já têm dotes naturais para isso e precisam dormir pouco, são perfeitos para isso.
Depois de colocar Quíron mentalmente na minha lista pessoal de pessoas para matar, eu fui até a Arena.
•••••••
O que eu posso dizer da Arena?
É um lugar antigo, com estrutura de pedra, talvez mármore, circular com chão de terra. Existe um complexo esquema subterrâneo onde ficam armazenados monstros e armas para combate.
O sistema de morte de monstros é simples. Basicamente, todos os monstros do acampamento são artificiais, vindos de algum lugar distante ou produzidos na floresta ou... Bem, eu não sei. Apenas para ocasiões especiais temos monstros de verdade por aqui. Por quê? Simples. Os monstros “genéricos” do acampamento são mais fáceis de serem domados. Imagine ter a quantidade que temos de monstros e eles se rebelarem. Seria um caos completo.
Bem, depois de morto, o corpo do monstro é desfeito, como de costume, mas sua alma é levada para uma sessão especial do mundo inferior, destinada exclusivamente para isso. Foi construida com muito esforço pelos filhos dos deuses inferiores, como Hades, Thanatos, Melinoe e etc, com a parceria de Quíron e com a aprovação de Hades. Nesse local, a alma do monstro é limpa e sua memória apagada. Depois de receber “alta” ele é levado para outra sessão, para que se regenere e seja levado de volta.
É uma coisa bem rápida, todo o processo não demora mais de um ou dois dias.
As almas são levadas automaticamente, por um sistema parecido com um imã, que atrai apenas essas almas dos monstros especiais do acampamento. É uma coisa bem complexa feita pelos filhos de Hefesto, motivo de orgulho até hoje por lá, e devido à isso, sua manutenção leva pelo menos um dia inteiro.
Antes da existência dos ceifadores, as atividades relacionadas à monstros eram interrompidas até que o imã fosse concertado. Depois que aparecemos, começamos à ser explorados... Digo, utilizados na coleta dessas almas para o mundo inferior. Os ceifadores não eram um grupo gigantesco, tampouco fáceis de encontrar, então eu sabia que não poderia jogar essa tarefa para outra pessoa.
Quíron havia deixado uma caixa de madeira encantada para que eu pudesse guardar as almas. Terminei de colocar meu manto enquanto observava o campista lutando com a fúria, e claro, mentalmente, critiquei seu estilo de luta. Mesmo sendo genérica, aquela fúria era poderosa, eu esperava ver o campista morto, mas isso não aconteceria.
E realmente não aconteceu.
Depois de um golpe poderoso da Fúria no rosto do garoto, ele caiu desmaiado. Rapidamente, um dardo tranquilizante atingiu a fúria e ela caiu. Acompanhando o fato, um grupo de curandeiros colocou o garoto em uma maca e o levou até a enfermaria. A fúria foi arrastada de volta para o subterrâneo da Arena através de uma porta grossa, feita de grades de metal.
“Covardes” pensei olhando a cena desinteressado.
Monstros morriam. Campistas viviam. Essa era a lógica do acampamento.
Observei enquanto um grupo de semideuses se preparava para uma batalha. Ajeitei-me em um dos bancos da arquibancada em estilo antigo da Arena. O oponente que o grupo de 5 semideuses escolheu era um minotauro.
Dois deles tinham arcos em mãos, enquanto um tinha uma espada, outro uma machadinha e um terceiro uma lança com uma rede. Flechas são disparas enquanto os outros três cercam a criatura que tenta desesperadamente se defender.
O minotauro atinge o garoto da machadinha e ele cai de lado, com dificuldade para se levantar. O garoto da espada golpeava continuamente as pernas do minotauro até que a garota – agora que pude ver com calma vi que uma das arqueiras era uma garota, além da portadora da lança – com a lança atingiu-o no peito, fazendo-o cair. Então, ela lançou sua rede, que magicamente aumentou de tamanho e cobriu o minotauro.
Depois, os cinco se juntaram para golpear o monstro indefeso, até que ele se desfizesse em pó. Para encerar, cumprimentaram uns aos outros pelo bom trabalho e marcaram de passar no chalé de Dionísio para conseguir algum refresco.
Calmamente, me dirigi até o local. A rede também se desfizera, junto com o monstro. Uma pequena bola vermelha encoberta em névoa flutuava no local, invisível aos demais. Era uma coisa para ceifadores, era uma alma à ser ceifada. Recolhi-a e coloquei na caixa, sentando-me entediado de volta no banco, esperando o próximo “Combate Justo”.
O dia se arrastou de forma lenta. Combate duravam entre 10 minutos à 1 hora. Por sorte, a Arena funcionava com um sistema de escalas, ou seja, durante um tempo era combate a monstros, depois era treino de armas brancas, seguido de treino de arco e flecha. Geralmente estes usavam bonecos ou instrutores, então, não havia necessidade de ceifar almas.
Quando já eram umas 4 ou 5 horas, minha caixa já estava pela metade.
Eu estava relaxado durante a aula de arco e flecha quando Quíron apareceu na porta da Arena, chamando-me.
- O que foi? – disse de mau humor
- Você está fazendo a lista?
- Que lista? – perguntei realmente surpreso
- Eu não te disse? Bem, quero que você anote o que aconteceu durante todo o tempo, para termos certeza de que não perdemos nenhum corpo.
“Eu vou matar e torturar você, maldito centauro” pensei irritado
- Tudo bem, Quiron – disse, com o rosto sereno
Voltei para meu assento e peguei um lápis e papel. Escrevi calmamente cada hora do dia, indo do meio dia à meia noite. Agora eram umas 16hs, então ficou algo como isto:
- Citação :
Diário de Funcionamento da Arena
12:00 – 14:00 : Garoto X Fúria (vitória da Fúria) – Grupo de 5 X Minotauro (vitória do Grupo) – Campista X Harpia (vitória da Campista) – Grupo de 3 X Elemental de fogo (vitória do grupo)
14:00 – 15:00 – Treino de Espadas e Escudos, sem monstros
15:00 – 16:00 – Treino de sobrevivência, sem monstros
16:00 – 17:00 – Treino de Arco e flecha, Harpia usada como alvo
17:00 – 19:00 –
20:00 – 21:00 –
21:00 – 22:00 -
22:00 – 23:00 –
23:00 – 00:00 -
- Quer ajuda?
Dei um salto para trás ao ouvir uma voz feminina nas minhas costas. Depois de superar o susto, percebo que é minha companheira ceifadora... Qual era mesmo seu nome? Bem, ela era um pouco mais velha do que eu, e eu não sabia mais nada à seu respeito.
- Parece que o velhote se tocou que 12 horas aqui é muito e pediu para eu vir ajudar.
- Bem, por enquanto é só dormir aqui... Depois, quando matarem um monstro, só anotar aqui e recolher a alma.
Ela assentiu, entediada, eu não a culpava, aquilo era realmente MUITO chato.
- Aonde você vai? – perguntou a menina?
- Não sei...
- Dê uma passada no porão, no caminho para cá ouvir dizer que estão tendo problemas lá.
Concordei com um gesto de cabeça e caminhei na direção da saída da Arena.
•••••••
Um bom banho é algo realmente ótimo.
Depois de tomar banho e comer algumas bolachas que encontrei no meu chalé, voltei para a Arena. Deviam ser umas 17hs e o treino de combate a monstro havia recomeçado. Seguindo as instruções da outra ceifadora, fui até o porão checar tudo.
•••••••
O Porão da Arena é um lugar bem interessante.
Os andares com armas e armaduras, cujos campistas tem acesso, são bem iluminados e ventilados, com funcionários tomando conta diariamente, já o dos monstros, em que apenas ceifadores e outros grupos restritos tem acesso, a situação é bem diferente.
Primeiro é preciso dizer que o lugar é enorme.
Realmente enorme, no entanto bem organizado, dividido em alas, como: “Monstros Alados”, “Monstros Musculosos”, “Monstros Serpentes” e etc. No entanto eu me dirigia de forma automática para o setor de “Monstros Alterados/Criados”, ou seja, aqueles não naturais, aqueles criados pelo acampamento para algum fim especial, qualquer ceifador sabe que se te dizem “problema no subterrâneo da Arena”, aquele é o primeiro lugar que se deve procurar.
E realmente eu estava certo.
Todo o andar subterrâneo destinado aos monstros é mal iluminado por algumas luzes fracas e algumas tochas com fogo grego em intervalos regulares pelas paredes. No entanto, isto não foi um problema devido à minha capacidade de ver no escuro.
Raramente alguém poderia ser visto ali, os monstros eram conduzidos de forma automática, por estímulos propagados por ondas psíquicas que atingiam apenas o monstro especifico; algo semelhante ao imã do mundo inferior. A comida era distribuída por imensos tubos no alto de cada sela, e os lugares eram limpos enquanto eles estavam na Arena, com uma mistura de água e outras substâncias, que secavam rapidamente e deixavam tudo limpo.
Um recipiente com água eterna ficava no chão ou no alto de cada cela, dependendo da classe do monstro. As celas, por sua vez, podiam ser dentro das paredes, com apenas a frente gradeada, ou no meio dos corredores, com todas as 4 gradeadas. As grades, por sua vez, eram de um material escuro como a noite, semelhante ao ferro estingio, mas altamente mortal aos monstros, para evitar fugas.
O chão era recoberto por um piso simples, com uma cor que mistura o marrom com o verde escuro, que transmite uma sensação de constante sujeita. As paredes têm tom semelhante, assim como o teto, que não devia ter mais de 5 metros. Os monstros mais altos eram encantados para ficarem menores e caberem corretamente em suas celas.
Ao longe, vi uma movimentação e um cheiro de carne podre inundou o ar.
Não... Ele não... De novo?
Na frente de uma cela aberta, estava um humanóide, bem, basicamente, ele era muito parecido com um humano, mas só tinha cerca de 20% da pele, localizadas nas extremidades, dentes pontiagudos, garras afiadas e era retorcido, meio atrofiado.
Aquilo não tinha nome, era um experimento, um erro, uma mutação. O acampamento tentara criar um humanóide parecido com humanos, para poder usar em seus exércitos quando algo errado acontecesse, mas a coisa deu terrivelmente errado. Veja bem, ele é mais rápido e forte que um humano, mas isso não o torna um supermonstro nem nada, ele é apenas tão repulsivo que não pode ser colocado do lado de fora das grades, além de claro, atrair moscas.
No entanto, ele é tão inteligente quanto um humano, talvez mais do que a maioria, então, como é muito parecido com um humano, joga comida sobre o corpo, para que os sensores não o reconheçam e eventualmente foge. Felizmente, depois de morto ele se esquece de como fazer isso e leva mais algum tempo para descobrir.
Peguei minha foice e avancei.
Pego de surpresa ele teve pouco tempo para desviar antes que eu arrancasse seu braço esquerdo. Ele não berrou nem nada, pois não possuía nervos – sim, ele tinha cérebro, nervos no corpo não – depois que seu braço caiu sangue jorrou pelas paredes esverdeadas, tornando tudo ainda pior. Esse era outro defeito dele, muito sangue. Acreditavam que com isso ele se curaria mais rápido, mas não passou de mais um revés, estético principalmente.
Com uma agilidade memorável, ele desferiu um golpe com seu braço que sobrou. Creio ter sido um soco, o que me fez cambalear lentamente. Meu manto estava manchado de sangue, mas não era; meu basicamente, ele gotejava sangue de todos os lados.
Ele avançou antes que eu pudesse perceber.
Uma mordida. Ele me atacou mesmo com uma mordida?
Quando me dei por mim, ele estava com os dentes no meu ombro. Com um soco de esquerda direto em seu rosto, o afasto de meu ombro direito. Analisei o ferimento, graças ao manto, nada grave e até onde eu sei, ele não é tóxico nem nada semelhante.
Com um giro da foice, a cravei no meio de sua barriga. Ele observou o ferimento sem entender nada, então tentou um golpe com a garra. Desviei com um salto para trás, sendo obrigado a largar a foice. Ele avançou lentamente, com a foice ainda presa em seu estômago.
“Esse monstro é feito basicamente de carne e magia... Sem ossos” pensei, maquinando um plano.
Ele berrou e avançou com o braço erguido, tentando um golpe desesperado vertical de cima para baixo. Desviei com facilidade para o lado. Quando ele se virou, agarrei minha foice e a puxei para a direita, abrindo um enorme buraco e fazendo um tufo de carne voar para o meio do corredor escuro.
Ele tentou mais uma mordida, que evitei colocando o cabo em sua boca, depois o chutando para longe. Enquanto cambaleava, desferi um golpe meio desajeitado em sua cabeça, que arrancou o local onde deveria estar o cérebro. Mais um tufo de carne.
Ele cambaleou desorientado, e desabou sentado no chão. Uma poça de sangue se formava em sua volta do corpo inerte, até ele se desfazer em pó avermelhado. Suspirei, cansado. Toda a viagem até aqui, mais o passeio no corredor, a luta e o banho que eu tomara antes, já deviam ser por volta das 18hs.
Mais um tempo de viagem e voltei para a Arena, para encontrar minha parceira entediada me olhando espantada:
- Aquela coisa de novo? – perguntou ela tapando o nariz
- Sim – respondi, observando minha roupa e percebendo apenas agora que estava coberta de sangue e pedaços de carne
- Vá tomar um banho, eu aguento mais um tempo aqui.
- Outro? – respondi, com preguiça aparente na voz
- Vá logo! – disse ela, um tanto alto demais, fazendo com que alguns campistas parassem suas atividades para observar a cena.
Assenti com a cabeça e sai da Arena, mais uma vez.
•••••••
Depois do banho e de por roupas limpas, tive de tirar o manto de ceifadores, então vesti o meu de Melinoe, pois estava um tanto frio.
Chegando na Arena, me deparei com a ceifadora, quase dormindo. Ela me estendeu a lista e disse adeus, indo para seu chalé. Olhei no relógio e já eram 20hs. O treino de combate à monstro já havia acabado, então me restava apenas observar sentado.
A caixa estava praticamente cheia com as almas avermelhadas dos monstros, mas ainda cabiam mais algumas. O restante do dia se seguiu de forma lenta. Eu havia voltado na pausa para o jantar e a cantoria na fogueira, então o treino só retomou às 21:00.
As aulas de esgrimas noturnas eram para filhos dos deuses noturnos e/ou campistas experientes, sendo assim, foram utilizados dois cães infernais para se estudar as melhores técnicas de luta contra os mesmos.
Na aula de sobrevivência, nenhum monstro novamente, apenas as melhores dicas de como se acender fogueiras, construir abrigos e outras coisas de suma importância para se passar a noite ao ar livre.
A aula de arco e flecha, já por volta das 23:00 foi praticamente vazia, menos de meia dúzia apareceu lá para atirar em alguns alvos sonolentos, e outra meia dúzia apareceu lá apenas para ficarem namorando escondido, pois já havia passado o toque de recolher. Até onde eu vi nada além de beijos e abraços ocorreram, mas eu não prestei atenção e, de qualquer forma, não dava a mínima importância ao que acontecia ali.
Meia noite.
Peguei a caixa e me dirigi para o elevador expresso para o mundo inferior, localizado no interior da Arena. Levou cerca de cinco minutos, mas finalmente cheguei a um corredor completamente escuro, onde um homem de terno aguardava em frente a uma porta.
- Nome. – disse ele, sem olhar para mim
- Tobias Scherer, ceifador
- Entre.
Adentrei a porta prateada em uma imensa clinica de reabilitação. Nada além de médicos e enfermeiros circulavam por imensos corredores bem iluminados, com piso e paredes prateados. Seus uniformes brancos destoavam em meio ao mar prateado, como pombos brancos em meio a uma guerra.
Dirigi-me para o atendimento, onde uma mulher de branco aguardava atrás do balcão. Coloquei o caixote sobre o balcão e disse:
- Entrega do acampamento.
- Muito Obrigada! – respondeu, com entusiasmo artificial – O imã já está quase pronto, até amanhã estará novinho em folha.
Sorri por educação e sai do local, voltando pelo elevador, ainda perturbado com o sorriso artificial da atendente.
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A janela da Casa Grande estava aberta.
Como ninguém era doido de roubar alguma coisa do Sr. D sem correr o risco de virar um esquilo, não havia necessidade de trancar a janela, apesar do frio. Fui até a área dos quartos e bati na porta do quarto de Quíron. Após algum tempo, me deparei com o velho instrutor de semideuses em sua cadeira de rodas, com os cabelos bagunçados e pijamas. Estendi-o a lista que estava da seguinte forma:
- Citação :
Diário de Funcionamento da Arena
12:00 – 14:00 : Garoto X Fúria (vitória da Fúria) – Grupo de 5 X Minotauro (vitória do Grupo) – Campista X Harpia (vitória da Campista) – Grupo de 3 X Elemental de fogo (vitória do grupo)
14:00 – 15:00 – Treino de Espadas e Escudos, sem monstros
15:00 – 16:00 – Treino de sobrevivência, sem monstros
16:00 – 17:00 – Treino de Arco e flecha, Harpia usada como alvo
17:00 – 19:00 – 5 semideuses X Ciclope (vitória do Ciclope) ; Semideus X Cão Infernal (vitória do Semideus) ; Semideus X Dracaenae (vitória do semideus) ; Grupo de 7 X Cão Infernal, Dracaenae e Ciclope (vitória do grupo)
20:00 – 21:00 – Pausa para o jantar e fogueira
21:00 – 22:00 – Treino com Armas Brancas ; uso de dois cães infernais
22:00 – 23:00 – Treino de Sobrevivência
23:00 – 00:00 - Treino de Arco e Flecha ; Pegação
Quíron olhou para a lista, mas duvido que tenha lido. Resmungou algo como “boa noite” e entrou lá dentro. Apesar do forte sono inexplicável, eu não iria para a cama.
Não foi tão difícil enganar as harpias e dar uma escapada do acampamento. Peguei alguns explosivos e um detonador com amigos do mercado negro e vasculhei a cidade até achar o local perfeito. Uma festa. Centenas de pessoas drogadas e bêbadas, se divertindo como se não houvesse amanhã, música alta.
Quem ligaria para um simples garoto vestindo seu manto, colocando explosivos pelo local?
Quem ligaria para um garoto em um morro próximo, com seus longos cabelos negros e seus olhos vermelhos insanos, comendo um sorvete e apertando um detonador?
Quem ligaria para centenas de corpos mutilados voando para todos os ares?
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End Post
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- Armas Utilizadas:
Manto espectral: Faz com que os oponentes sempre enxerguem o semi-deus de forma desfocada, fazendo com que todos os ataques contra eles tenham a chance de falha de 20%. Também permite que o Semi-deus fique etéreo, [ver explicação nos poderes] mas apenas por 1 rodada por combate.
Foice da morte [O cabo desta foice adquire a mesma altura de seu dono para que ele possa usá-la da melhor forma possível. A foice é materializada com magia que apenas um ceifador consegue realizar. Inquebrável. A lâmina será sempre afiada e possui duplo corte, é mortífera e tem uma habilidade intrigante: consegue atingir seres intangíveis.] [Presente de Thanatos]
Manto da Morte [Em sua aparência mundana é um simples sobretudo preto, ou uma capa também preta – a escolha do ceifador. Seu aspecto mágico, contudo, não é assim tão diferente, sendo apenas um manto negro com um capuz e duas obsidianas negras nos ombros. O manto confere uma aparência sinistra ao seguidor de Thanatos, assemelhando-se ao seu próprio líder – o que acaba por identificá-lo. Esse equipamento não pode ser roubado e, logo, nem utilizado por outras pessoas que não sejam do círculo negro do anjo da morte. Quando em combate, o manto dá uma proteção bastante similar a uma armadura, porém com a leveza do tecido, dificilmente prejudicando a movimentação de seu usuário.] [Presente de Thanatos]
- Poderes Utilizados:
Passivos Melinoe
Lvl 2 - Aura Fantasmagórica I - O filho de Melinoe possui uma pequena aura fantasmagórica ao seu redor que proporciona-lhe um pouco mais de força.
Lvl 4 - Visão no escuro - Melinoe é uma deusa noturna, o que faz com que seus filhos ganhem naturalmente o poder de ver na escuridão.
Ativos Melinoe
Lvl 5 - Aprimorar forma etérea I - Aumenta a duração do manto para até 3 rodadas
Ativos Ceifadores
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Passivos Ceifadores
lvl 1 - Clima mórbido - Todo o local que o ceifador estiver apresentará um clima mórbido, ou seja, as luzes ficarão mais fracas, fogos menos intensos, animais se calarão. Isso implica em deixar o inimigo amedrontado.
lvl 1 - Medo – Você não sente tanto medo quanto os outros campistas, portanto ataques que influenciam o medo serão inofensivos, a não ser que seu oponente seja 10lvl superior a você.
lvl 1 – Perícia com Foices – O Ceifador tem uma grande habilidade em utilizar sua foice tanto para ataque quanto para defesa.
lvl2 - Visão Aprimorada I: Os olhos da morte devem ser totalmente apurados, pois sempre há quem acredite em enganá-la. Os ceifadores poderão, inicialmente, ver perfeitamente em locais escuros – a tal da ‘visão noturna’.
lvl 2 - Destreza – Sua força, velocidade e resistência são equilibradas tornando o ceifador um grande mestre em combate corpo a corpo.
lvl 4 - Controle sobre o sono - Por ter como irmão o deus do sono, isso possibilita que o ceifador não necessita dormir muito para estar com energias novamente.
lvl 5 - Passos leves - Seus passos são leves e silenciosos, assim o inimigo poderá ser pego de surpresa.
- Notas Finais e Descontos:
Desconto Sugerido: - 20 HP; - 10 MP
O final da missão foi idealizado muito tempo antes da tragédia ocorrida recentemente, sendo apenas um infeliz acaso
Perdão pela demora, mas estou com o tempo apertado agora que voltaram as aulas.