Ratos no porão - One-post interna para Travis Cooper Smith

Rats in the Cellar ♛

Tudo parecia normal no acampamento. Os campistas faziam suas tarefas diárias. Uns treinavam na Arena e na Parede de Escalada, outros colhiam morangos e compravam armas nas forjas dos filhos de Hefesto. Não havia nada de anormal. Nenhuma luta, nenhuma invasão e nenhuma confusão. Alguns semideuses estavam em missões externas, o que preocupava a todos, principalmente Quíron, o centauro. O mundo mortal estava ainda mais perigoso, e a maioria dos campistas voltava bastante ferido, ou as vezes nem voltava. Os semideuses não dormiam mais direito. Algo muito estranho estava acontecendo. O mal estava voltando.




Travis não dormia direito. Valerie e Jonh, seus melhores amigos, tinham saído em missão há mais de um mês e não haviam voltado ao acampamento ainda. Quíron tinha mandado alguns semideuses experientes resgatá-los, e estes também não haviam voltado. Parecia que os dois faziam algum tipo de contato com ele pelo pensamento, mas o filho de Zeus nunca decifrava o que eles queriam dizer. O semideus tinha certeza de que eles um dia voltariam, e que não haviam morrido. Aliás, a vida de Travis tinha mudado desde que ele fora reclamado. Ser filho de Zeus é uma grande responsabilidade. Tinha que ser um exemplo no acampamento. Era tratado, ás vezes, diferente por alguns campistas, mas o poder nunca subiu a cabeça. Era o mesmo Travis. E sempre seria assim. Não ia mudar.




Ele chorava todo dia. Sentia saudade de sua mãe, que, numa hora dessas, já tinha saído de Londres e ido para Nova York culpar Andreas, seu tio, por seu desaparecimento. O semideus não sabia se sua mãe tinha uma ideia sobre essa história de mitologia, e que seu pai era Zeus, o Rei dos Deuses. Aquilo seria um baque para ela. Ele não gostava nem de pensar. Era melhor que ela não soubesse, pelo menos não naquele momento. A vida dela já estava complicada demais, e iria ficar mais se ela descobrisse.



O dia passado de Travis fora comum. Ele acordou, foi tomar café, fez uma oferenda a Zeus, pedindo algum tipo de sorte para seus dois amigos perdidos, foi na parede de escalada e machucou-se seriamente, tendo que ir para a Enfermaria, mas depois ficou bem. Voltou para seu chalé, arrumou-se e fora jantar. Havia poucas pessoas no Refeitório na noite passada, o que ele estranhou. Talvez estivessem reunindo-se em outro lugar, ou estavam fazendo guerras, um chalé contra o outro. Por sorte, o chalé de Zeus não era de fazer aquelas coisas. Todos eram calmos e sensatos, pelo que ele sabia. Dormiu cedo, pois não havia mais nada para fazer, e ficar conversando com seus irmãos não era uma coisa comum ali. Não eram unidos. Então, aproveitou mais uma noite de sono, que passara rápido demais.




- Travis, precisamos de você! Acorde! - Damon, um de seus irmãos, o chamava. Estava acompanhado de mais dois, James e Hunter. Aquilo não era hora para socializar, se era isso o que estavam pensando. Travis abriu os olhos lentamente, e sentou-se no seu beliche. O semideus notou que seus irmãos estavam segurando espadas e escudos velhos, que já estavam enferrujados. Ele pensou no que eles estavam fazendo com aquilo. Damon, olhando para sua espada também, continuou. - Bom, precisamos treinar, só que nossas armas são velhas. - Ele pigarreou. - Então, quem sabe, você poderia ir até o porão e pegar uma armadura e novas armas para nós?




Travis pigarreou, e fez que sim para eles. Os três sorriram, e saíram correndo do chalé, para contar aos outros. O filho de Zeus soltou um riso, e arrumou-se. Colocou sua armadura de águia, seu relógio-espada e seu escudo, pois nunca se sabe o que pode ter num porão. Caminhou até a saída do chalé lentamente. Seria rápido e fácil, chegando até ser ridículo. Seus olhos mudaram para um azul mais fraco, mostrando seus sentimentos e emoções naquele momento. Com certeza havia alguma coisa naquele lugar que o incomodava, mas ele deixou isso de lado, e foi em direção ao porão. Estava com um certo receio, mas não poderia desistir agora. Tinha que voltar com alguma coisa para que seus irmãos pudessem confiar nele.





Chegando ao lugar, teve que subir uma longa escada para entrar. Ouviu alguns barulhos, mas não prestou muita atenção naquilo. Entrou lentamente, sem fazer barulho algum. Notou que o espaço era duas vezes o chalé de Zeus, e ficou um tanto espantado. A poeira imperava no local, fazendo Travis tossir um pouco e ficar com falta de ar. Ele já tinha problemas respiratórios, e aquilo iria piorar mais ainda. Ele achou uma lâmpada, e a ligou, tropeçando em uma caixa e caindo. O local era bastante quente, e ele já soava. Começou a reparar nos objetos que ali estavam, em busca de armas e da tal armadura que seus irmãos haviam falado. Encontrava de tudo, menos isso. Achou, estranhamente, uma lingerie cor-de-vinho, cuja etiqueta se lia 'ROUPAS DO DIDI - O REI DO ESTILO VINHO'. O filho de Zeus soltou uma grande risada, e jogou a lingerie em cima de uma caixa. Achou também uma cueca amarela, que estava bastante suja, cuja etiqueta se lia 'POPOLO CUECAS&CIA'. Riu novamente, e pensou em levar aquelas roupas para todo mundo ver, o que seria uma grande cena. Aquele lugar guardava muitas coisas estranhas e interessantes, o que chamava bastante a atenção de Travis.





Ele então ouviu um barulho bastante alto atrás de si. Virou-se rapidamente, tentando ver o que havia causado. Demorou um pouco, mas reconheceu. Estranhamente, um rato, grande e dentuço, do tamanho de um gato apareceu em sua frente. Então, mais criaturas. Três. O semideus, primeiramente, não sentiu que eles eram uma ameaça, pois eram ainda pequenos, e não era fortes. Mas, depois, viu que eles eram totalmente anormais, e estavam prontos para atacá-lo. Malditos ratinhos!






O primeiro rato correu até a direção de Travis, e tentou morder sua perna. Por sorte, sua armadura protegia um pouco da sua perna, fazendo com que o rato não tivesse sucesso. O filho de Zeus aproveitou a chance, e chutou o rato, fazendo com que ele se afastasse. Os outros dois ratinhos viram a cena e começaram a cercar o semideus, procurando algum lugar que ele não esteja protegido. Travis levou seu escudo mais para perto de si, evitando o plano dos ratos. Quase tropeçou em uma caixa, e bateu em uma espada, fazendo um pequeno corte no seu braço. O sangue jorrava de seu braço lentamente, ardendo. Não prestando a atenção, ele tropeçou mais uma vez, caindo. Os ratinhos aproveitaram, e pularam na direção do filho de Zeus. Rapidamente, Travis acionou seu relógio-espada, e tentou golpear os ratos, somente os afastando. Seus olhos mudaram para um azul mais forte, mostrando uma imensa adrenalina. Concentrando-se, fez uma esfera em uma das mãos, e jogou contra um dos ratinhos, fazendo com que ele fosse atirado para trás. Travis sorriu, não vendo o ataque dos ratos. Um deles correu até sua direção, e pulou em direção ao seu braço, o mordendo. O semideus deu um grito de dor e atirou o ratinho para o lado, batendo em uma imensa barra de ferro, fazendo-o cair. O terceiro ratinho então, pulou na direção dele, mas, por sorte, estava prestando atenção, e bateu com seu escudo no rato, o lançando para o teto do lugar. Ficou completamente destruído quando caiu.





Os três ratos estavam derrotados, e Travis deu um breve sorriso. Pegou sua espada novamente, tentando localizar os itens de seus irmãos e reunindo os ratos derrotados em um só lugar. Fora fácil demais, mas com certeza haveria mais alguma surpresinha. Então, quando localizou a tal armadura antiga que seus irmãos haviam falado, um barulho estrondoso fez-se atrás do filho de Zeus, fazendo-o se virar e ver o que era. Um autômato velho e enferrujado estava entrando em curto, e pronto para atacá-lo. Seus fios foram ruídos pelos ratinhos mordedores, fazendo a criatura de metal ficar naquelas condições. O autômato, sem esperar, atacou Travis, atirando-o para trás, não dando tempo dele se defender. Ele caiu em cima de caixas de vidro, quebrando-as e fazendo com que houvesse vários cortes em suas costas. O azul dos olhos do semideus se intensificaram, e ele levantou-se, acionando sua espada elétrica. Rapidamente, um raio acertou o peito do autômato, fazendo com que ele fosse jogado para trás e quebrasse uma das paredes do porão. A criatura, quase destruída, levantou-se, caindo aos pedaços, indo até a direção do semideus. Travis concentrou-se, e empurrou o autômato com seu escudo, fazendo-o cair sobre espadas velhas. Estava destruído por completo. Atrás dele estava uma espada de bronze celestial, que pegou com facilidade, juntando-o com um escudo de prata que estava atrás de três lanças.






Então, quando estava tentando localizar a tal armadura, notou a presença de mais um rato, bem maior. Com ele, estavam cinco ratinhos, que Travis notou que eram seus filhos e que não lhe trariam problema algum. Mas, quando olhou para trás do ninho dos ratos, viu a armadura brilhando. A armadura que seus irmãos haviam falado. Estava a dez metros dele. Se talvez ele pudesse passar, conseguiria pegar. Mas o ninho estava na frente, e era grande, iria pisar em algum rato se tentasse. Não poderia fazer aquilo. Teria que atraí-los para outro lugar. Deveria ter algo que os atraísse ali. Então, ele notou que os seis ratos estavam morrendo de fome. Pareciam que não comiam há meses, e poderiam morrer se continuassem assim. Então, lembrou da caixa da qual tinha jogado a tal lingerie do 'D'. Correu até a caixa, e a abriu, vendo garrafinhas de água e pedaços de queijo embalados. Haviam sido deixado há pouco tempo ali e com certeza os ratos iriam querer aquilo. Rapidamente, o filho de Zeus colocou o queijo e a água em potes, chamando a atenção dos ratos. Lentamente, os seis ratos foram em direção ao queijo, e começaram a comer e tomar a água. Travis, rapidamente, pegou a armadura, guardando sua espada como relógio e descendo a escada, indo embora dali. Havia conseguido. Completado a missão.





Desceu ás pressas, e foi logo dar os itens aos seus irmãos, que foram direto a Arena treinar. Depois, correu até um dos filhos de Hefesto, entregando a ele a lingerie do Sr. D, pedindo para que ele mostrasse para todo mundo. Travis então, encaminhou-se para a Enfermaria, onde foi atendido e medicado pelos Curandeiros. Pensou se o Sr. D estaria morrendo de vergonha num momento como aquele.

Spoiler:

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