O cacho perdido [Missão Comum para Henk e Raphaela]

Tédio ou Nostalgia?

Na sala de Dionisio somente me encostei na parede. Ficava observando a péssima decoração do local enquanto o Senhor do Vinho esbravejava como se algo fosse roubado dele... Ops.
Abaixei para pegar o papel e decidir não ler a folha, afinal nem era pra mim.
Tédio ou Nostalgia? És ai a escolha que eu tinha certa dificuldade em fazer... Eu não sabia o que era cacho divino ou sei lá o que e nem ao menos tinha interesse.
Ainda mais ter de fazer o favor por que ele era meu pai. Tudo bem, ele me pôs no mundo e eu não odiava ele como a maioria dos campistas tinha raiva de seus pais, mas dizer que ele era alguém a quem adoraria fazer um favor, com certeza não!

-É, vamos...
O caminho até as forjas foi bem tranquilo. Eu não falei muita coisa, nem conhecia a garota. Não é como se fossemos realmente irmãos.  Somente caminhava sempre olhando para frente e erguendo a cabeça. Hora ou outra pegava o tirso e ficava o girando na mão direita somente para passar o tempo, mas não que fosse tão longe assim.

Assim que chegamos na forja senti meu corpo esquentar. O local era quente demais. Assim que nós viu um garoto se aproximou. Estava sem camisa e usava somente um avental completamente sujo.
-Henk. Henk Morgan, Filho de Dionísio.
Assim que o garoto se identificou como "Thomas" eu entreguei o papel ao garoto.
-É um mandato. O que diz? -Dei um tempo para que o garoto pensasse a respeito, não sabia o que estava escrito, mas era bom que fosse algo que ajudasse nessa busca.

An idiot, but it's MY father

-Um relógio de não sei que lá com aquilo outro, junto com isso e aquilo e aquele treco com pílulas de aquilo lá.
Isso era o que eu tinha entendido do que o filho de Hefesto havia dito. Não sabia direito pro que servia, só tinha pegado a parte do radar e do comprimido de néctar. Bem, pelo menos Dionísio tinha alcançado minhas expectativas, afinal se o item não fosse útil eu somente perderia meu tempo ali.
Puxei dois cabos do bolso e engatei os fones nos meus ouvidos. Não queria conversar com aquela menina, não a conhecia e nem sabia porque necessitava de dois semideuses pra uma busca que poderia ser resolvida com Dionísio chamando todos a casa grande e dando um de seus berros. Com certeza faria o ladrão entregar na hora.

Logo percebi o mormaço quente do local. Aquilo iria acabar danificando os fones que eram caros e não acharia outros por ali. Resolvi guardar os dois de volta e ajeitei a touca a tirando de minha cabeça.
Me sentei ao lado dela e fiquei parado por um momento olhando para frente, imponente como sempre.
-Sou Henk. Henk da casa Morgan, uma família muito conhecida na Europa. E você? -Fiquei por um momento esperando a resposta dela.

O filho de Hefesto foi rápido, pelo menos isso conspirava a meu favor! Peguei o relógio e agradeci subindo as escadas da forja louco por ar limpo e a luz do sol novamente.
Assim que avistei o sol me espreguicei e em seguida estralei os dedos.
-Chalé de Hermes. Qualquer sumiço sempre envolve lá.
Agarrei o tirso e voltei a touca para a cabeça já que agora o ar era normal. Eu começava a me irritar com a ideia. Ok, Dionísio era um idiota. Mas ele ainda era meu pai e filhos de Hermes, algo tão baixo não iriam fazer ele de idiota assim...É.

Segurei o tirso e comecei a caminhar girando a arma.
Me certificava sempre se a garota estava junto comigo e então quando percorri quase todo o panteão de chalés cheguei ao de Hermes, número XI. Sem delongas ainda segurando o tirso eu bati na porta esperando que alguém a abrisse. E então rapidamente uma ideia me surgiu. Virei a mascara para frente a colocando sobre meu rosto. Senti minha roupa se transformar e então eu era um Senhor. Aproximadamente quarenta anos, usava um terno com o seguinte disseres no lado direito; "Herme's Express", o tirso em minha mão era um caduceu. Ajeitei o terno e fiz uma cara seria.
Iria ser zoeira contra zoeira.

Armas e Poderes:

Unbroken, not curved, not fallen

Arqueei a sobrancelha empurrando a porta com força e evitando olhar o garoto.
-Entregador? Entregador, garoto? Tome cuidado quando se dirigir ao deus dos viajantes. Agora cade meus filhos? -Avistei uma poltrona e me sentei com uma cara de bravo. Girava o caduceu para mostrar nervosismos e irritação, não consegui ficar sentado muito tempo e me levantei me aproximando do garoto.
-Essa coisa, roubar o cacho de Dionísio. Sabem que foram longe demais, não é? Se o deus descobrir que foi vocês esse chalé estará amaldiçoado por um bom tempo. Mas não irei castigar vocês, somente esconder o cacho em um lugar melhor para que ele não descubra que foi vocês.
Dei uma pausa olhando dentro do chalé, procurando algum indício, não sei. Talvez aquele relógio tivesse um radar que detectasse, ou talvez por ser filho de Dionísio eu mesmo pudesse sentir quando estivesse perto.
-AGORA, ONDE ESTA O CACHO? -Berrei o mais alto que pude. O garoto parecia ser bastante bobinho.

Sem me atentar direito percebi que Raphaela não estava mais comigo e aquilo me deu uma pequena raiva interna. A garota era parte de meu plano, não poderia somente ficar perto de mim?!
Imediatamente me lembrei do chalé maldito que estávamos. Mas não iria jogar tudo pro alto pra salvar ninguém. Minha concentração era o cacho. Minha concentração era o nome de meu chalé que não iria se macular tão fácil assim. Eu acharia aquilo nem que tivesse que fingir ser Hermes o dia inteiro.

A Última Chance

Vamos lá. Postura certa, olhar intimidador. Eu era Hermes e não tem nada que eles pudessem fazer pra dizer que eu não era, afinal eles não conheciam as armas de Dionísio, não sabiam de minha mascara.
-Eu sou o "velhote", garoto. Tem noção que está falando com Hermes? -Comecei a caminhar batendo o caduceu na mão. Ainda tinha uma cara brava no rosto e me voltei para o garoto indefinido. -Não... Não sou seu pai, sinto muito.
Logo me virei novamente para o garoto na porta, ele parecia saber sobre o assunto. Trinquei os dentes e fui me aproximando até colocar o caduceu em seu nariz.
-Pela última vez. Vocês foram longe demais. Isso está gerando problemas no Olimpo. -Apertei o caduceu tocando a bochecha dele. -Diga ou me entregue o cacho de Dionísio ou eu não poderei proteger vocês quando próprio Zeus descer pra saber o que está acontecendo.

Aquilo tinha que dar certo, eu não tinha mais nada em mente apesar que ainda tinha um tirso com uma lâmina na cara do filho de Hermes, mas duvidada muito que o garoto faria algo contra "seu pai".
Evitava pensar em Raphaela que por algum motivo não chegava logo, esperava que ela fosse esperta o suficiente e mantivesse silêncio sem demoras. Precisava que a garota entrasse no chalé para que tivesse a confiança do filho de Hermes.
Meu plano ia bem além de um simples disfarce, só tinha que receber colaboração...

Enquanto isso sentia meu corpo se esquentar, era como se a pressão do momento estivesse fazendo efeito em mim, um efeito que eu odiava, e um efeito que não podia controlar. Não estava nervoso já que aquilo por mais que me estivesse deixando com raiva eu sabia que eu tinha o controle da situação. Eu era Hermes e eles meus filhos. Mas se eu mudasse de personalidade ali, eu seria Henk, e eles cadáveres.

Armas Levadas:

Missão Cancelada