Treino de John Ghruver

♦O Primeiro Treino de John Ghruver♦

Ultimamente, minha vida tem virado de cabeça pra baixo de uma hora pra outra. Só pra você ter uma ideia, ontem mesmo fugi de um orfanato e peguei carona no caminhão de um sátiro, Josh, que eu nem sabia o que era um sátiro. Pulamos do caminhão, o caminhão explodiu, fomos atacados, eu desmaiei, ele lutou e me salvou. Acordei na enfermaria ontem a noite. Josh me explicou toda aquela longa história sobre deuses, e como eu era filho de um, me falou do acampamento e de sua rotina e tudo o mais. Ainda ontem saí da enfermaria e fui para o Chalé 11, do deus Hermes, deus dos viajantes, como Josh me dissera. Mas no meio do caminho fui reclamado por Hefesto, então mudei de curso e fui pro Chalé 9.

•••

Acordei cedinho pela manhã. O dia estava quase amanhecendo, e ninguém naquele chalé parecia acordado, só eu. Então antes que acordassem, me apressei em ir pegar uma toalha e tomar um banho. Depois fui me trocar... bem... eu não tinha uma diversidade de roupas, eu tinha fugido do orfanato sem nada. Olhei para o canto do chalé, onde tinha um guarda roupa. Bom, eu estava no chalé do meu pai, com meus irmãos, acho que não se importariam se eu pegasse uma bermuda e uma camiseta. Abri a gaveta e peguei uma bermuda preta, discreta, e a única camiseta limpa que achei, uma laranja, que na frente tinha escrito "Acampamento Meio-Sangue" e o desenho de um Centauro segurando um arco, com uma aljava nas costas. Eu tinha certo conhecimento mitológico, embora minha capacidade de armazenar e aprender informações fosse meio lenta, quando o assunto era mitologia, eu sempre prestava atenção. Josh tinha me dito que o melhor treino para mim seria o das 13:00, então eu ainda tinha muito, muito tempo até o horário.

•••

Depois do almoço, voltei ao Chalé 9, só para pegar minha Faca de Bronze que tinha esquecido lá, para que eu pudesse ir treinar. Não tinha ninguém no chalé, e minha faca estava no chão ao lado do canto do chalé. Dei sorte de ninguém ter roubado-a.

-Ei novato. - disse uma voz vinda de trás de mim. Prendi minha faca na bainha menor, e me virei para encarar o dono daquela voz potente. Vi a figura de um filho de Hefesto, alto e forte. Ele me encarava como se fosse algum tipo de peça rara.

-Ér... oi. - Respondi.

-Bom - continuou ele - parece que você está indo treinar, certo?

-Sim, sim... por que? - perguntei

-Bom, hoje eu não estou afim. Pegue isto. - disse ele me dando um bracelete.

Achei ridículo ele me dar aquele negócio, mas, relutante, o prendi ao braço esquerdo. Instantaneamente o bracelete pesou no meu braço e se tornou um grande escudo, que parecia ser feito de ouro.

-Uou, cara. Obrigado... - disse no melhor tom de agradecimento que consegui.

Ele assentiu, então saí do chalé, em direção a Arena. Cheguei lá na hora exata. Saquei minha faca, que parecia muito inofensiva perto do escudo que eu tinha no braço. Ao chegar lá, vários semideuses, veteranos e novatos, já se encontravam lá dentro. Assenti pra cada um que olhou na minha cara. Eu não sabia o que ia acontecer, mas pela cara apreensiva deles, não era algo muito legal. Já com minha faca em mãos, um grande portão de madeira que estava no fundo da arena se abriu, e de lá saíram diversas criaturas, das mais odiosas até as mais belas. Me preparei mentalmente, eu não sabia que ia lutar contra monstros. Os semideuses começaram a gritar como que num ritual e correram na direção dos monstros. Uma nuvem de poeira tomou conta do lugar, era monstro morrendo a cada metro quadrado. Avistei uma harpia. Corri na direção dela, e ela levantou voo na minha direção. Ela voou rapidamente em minha direção, e eu ergui o escudo, que fez ela bater de cara no mesmo e sair rolando no chão a minha direita. Corri na direção dela que se levantou rápido, e investiu com suas garras. Defendi com o escudo e revidei com minha faca, fazendo um corte profundo em seu braço esquerdo. Ela urrou de dor e acertou um chute em minha barriga, me cortando um pouco devido a suas garras. Voei uns dois metros até cair no chão. Minha faca estava presa em seu braço, ela arrancou e tacou longe. Agora eu estava desarmado, quase sem chance. Mas até então eu não tinha visto que tinha uma parede cheia de espadas. O problema era chegar até lá, porque a harpia se empunha em meu caminho. Não tive outra escolha: corri em sua direção para bater nela com meu escudo. No susto ela desviou pulando para o lado, mas eu não parei de correr fui direto em direção a parede. Olhei para trás para verificar onde ela estava. Ao ver o que eu ia fazer ela arregalou os olhos, e levantou voo rápido em minha direção. Alcancei uma espada, e com sacrifício a tirei da parede. Eu ainda estava de costas para a harpia e ela já devia estar me alcançando. Instintivamente, desferi um golpe com tudo na direção em que ela deveria estar e a acertei em cheio na cabeça com minha lâmina. Ela se desfez numa nuvem de poeira, e eu notei que minha barriga sangrava bastante. Larguei a espada e tirei o escudo do braço. Ele virou um bracelete de novo, e o enfiei no bolso da bermuda. Sai cambaleando da arena, em direção a enfermaria. Lá alguns filhos de Apolo me atenderam, mas eu desmaiei. Acordei dentro do chalé, algumas horas depois, deitado numa beliche. O bracelete já não estava em meu bolso, e minha faca estava a meu lado.

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